O propósito do 25 de Abril foi a liberdade do povo? Talvez não tenha sido bem assim…

Naquele 25 de Abril de 1974, durante longas horas, o Estado Novo resistiu no interior do Quartel do Carmo, em Lisboa. Salgueiro Maia foi o protagonista improvável de uma tarde com alguns momentos de absoluta tensão. Mas a história poderia ter sido completamente diferente.

Por exemplo, se Feytor Pinto e Nuno Távora tivessem chegado minutos mais tarde, a ordem de Salgueiro Maia sobre o quartel teria sido cumprida.

Os militares da GNR teriam sido obrigados a responder e o destino de muitas das centenas de pessoas que se amontoavam no Largo do Carmo, a assistir em directo à tentativa de derrube do regime, talvez tivesse sido radicalmente diferente e poucos teriam ficado para contar a história…

Depois vieram Mário Soares e Cunhal, chegaram poucos dias depois, como que heróis…mas à distância. Era preciso reconstruir o país e trilhar um caminho novo, sem história, e houve muito quem se aproveitasse da ingenuidade do povo, na sua maioria iletrado à época, para assim amealharem fortunas incalculáveis.

Anos mais tarde, Otelo Saraiva de Carvalho, admitiu que o motivo para a revolução dos cravos não teve nada a ver com a libertação do povo: “o facto de os militares contratados terem sido ultrapassados nas suas progressões na carreira pelos militares milicianos, foi o que originou tudo”.

E foi com estas declarações de Otelo que caiu por terra uma história romântica que foi repetida durante anos, que afinal de contas não foi motivada por nada mais, do que alguns militares que se viram privados dos seus “direitos” e os quiseram recuperar.

Há quem diga “tudo bem, mas temos liberdade e dantes não tínhamos”. Até certo ponto é verdade, temos liberdade para falar, para reclamar, para fazer greves e para votar por exemplo, mas de que servem todos esses direitos, se por muito que falemos, por muito que votemos, só mudam as caras?

Mais que não seja dá que pensar…e talvez um dia voltemos a passar pelo mesmo, só é pena é que para que isso aconteça, seja necessário retirar previlégios a uma determinada classe, pois enquanto essa classe for “bem tratada” pelos governos, tudo vai permanecer na mesma.

FONTEionline.sapo.pt | pplware.sapo.pt
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